Nos primórdios da Humanidade, o homem percebeu a necessidade de se juntar com outros para melhor sobreviver (Vénus). Ainda assim, os impulsos individualistas criavam conflitos no grupo (Marte) e por isso, surgiram outras formas de se canalizar esta energia primitiva mais instintiva. Esta canalização deu-se através de um princípio de prazer e de expansão da consciência, em detrimento do lado instintivo, e permitiu ao homem a construção de valores sociais, valores que buscam o significado maior e incentivam o indivíduo a identificar-se com o colectivo.
Júpiter tem uma função similar a Vénus, no sentido de que Vénus representa o agrupamento com outros indivíduos e Júpiter também, só que o faz numa escala muito maior, introduzindo a noção arquetípica de sociedade. Daí, Júpiter ser considerado o primeiro planeta social.
Júpiter representa o princípio religioso, assim, como os princípios sociais que foram incorporados no inconsciente do homem – Júpiter representa a moral, a lei, os valores, o conhecimento, a busca de significados e o conceito de Deus.
No desenvolvimento humano, Júpiter representa o início da introdução dos conceitos de certo e errado que são transmitidos à criança de forma positiva, intuitiva e natural. A transmissão de valores também se inicia nesta fase e terá o seu ápice no processo representado por Saturno. Além de valores, Júpiter representa o início do processo de deixar para trás o lado impulsivo, animal, instintivo, ampliando portanto, o controle consciente sobre o seu comportamento, sua atitude e suas ambições.
É uma fase de narcisismo primário, bastante positiva, onde a criança sente o impulso de ultrapassar as suas fronteiras, descobrir o novo e o prazer de se expandir. As condições do ambiente também favorecem e incentivam esta expansão, que durará até a formação do superego, princípio saturnino.
O arquétipo Jupiteriano é um princípio benéfico – na astrologia tradicional é conhecido como o “grande benéfico” – é um princípio significador e canalizador dos factores planetários anteriores, além de ser o primeiro planeta “social”, Júpiter representa um princípio socializador, diferente de Vénus, muito mais aprimorado. É a essência de toda filosofia, sendo a ele atribuídas as noções de justiça, honestidade, bondade, generosidade e piedade.
Júpiter é o primeiro arquétipo representador da espiritualidade no Homem. A palavra Religião tem suas origens no verbo religare, ou religar. Júpiter revela a ânsia por unidade, por religação, com o Todo, com Deus, ou com o Universo. Representa a busca pela verdade, pelo sentido da vida, pelo porquê das coisas, pela Lei maior. Júpiter representa a busca de uma ordem maior e com mais significado, para além do caos aparente da vida. Representa a Fé em todas as suas formas, desde o “crer com consciência” até o fundamentalismo, o dogmatismo e o fanatismo religioso. Representa a percepção de uma inteligência maior, maior que a do homem, que possibilita resignificar qualquer experiência.
Júpiter além de ser um arquétipo de unidade, ou busca de unidade, é também um arquétipo de Lei e Ordem.
Este planeta representa a intuição e compreensão de uma lei maior, uma lei eterna e imutável, um princípio que está dentro do homem e o permite conhecer a ética e o funcionamento desta lei na matéria. Como a lei eterna se manifesta num local e num tempo específicos. Como esta verdade absoluta é relativizada numa cultura específica, num período específico, na tentativa de libertar o homem do caos, dando significado para toda a desordem e directrizes para a construção de um sistema de valores e leis humanos.
Júpiter também é um princípio de expansão e crescimento. Revela o desejo de se expandir material, intelectual e espiritualmente. É o ultrapassar as fronteiras do conhecido, ir além dos horizontes, seja através do aumento dos conhecimentos através do estudos superiores, seja através de viagens longas e conhecimento de outras culturas, seja através do aumento da compreensão dos porquês da vida, seja através do conhecimento de outras filosofias, outras religiões, e outros sistemas de leis.
No sistema solar, Júpiter é o maior de todos os planetas. O facto de ser gigantesco emprestou a Júpiter os significados de expansivo, abundante, grandioso, exagerado, que ultrapassa os limites (sem limites), efusivo, empolgado, optimista, esbanjador, desperdiçador, presunçoso, convencido (ego inflado). O facto de estar depois de Marte também representa um planeta que está além do Ego instintivo e auto centrado, daí ser considerado também o primeiro planeta social.
GlifoA meia-lua sobre a cruz (+).
A meia-lua de Júpiter representa a intuição de princípios superiores (que astrologicamente são representados pelos planetas transpessoais). Se prolongarmos a espiral da meia-lua veremos que ela sobe e se expande. A cruz, representando a terra e a linha do horizonte, mostra que a intuição vem de cima da matéria (+).
Este Glifo confirma a ideia de intuição de princípios e ordem superiores representados pelo impulso espiritual e religioso.
Também pode representar a intuição ou compreensão do significado de eventos e experiências mundanos (+), e a resignificação destes num nível superior.
Associação à AlquimiaJúpiter na alquimia está associado à um processo chamado “Multiplicatio”. Quando as partes da obra estão ainda separadas, pode ocorrer uma das partes evoluir chegando ao estado de albedo (purificação). A “Multiplicatio” representa um processo que ocorre quando uma parte da obra que está purificada contamina positivamente as outras partes que ainda não estão, desencadeando o mesmo processo.
Psicologicamente, representa o efeito contagiante que um alquimista mais consciente tem sobre outras pessoas. Este efeito estimula positivamente, inspira o outro a querer evoluir também. Este princípio expansivo é visto como muito positivo e fundamental para a obra alquímica bem como para o alquimista, que se torna ainda mais ciente de si quando se vê como um ser actuante dentro do todo, do grupo ou da humanidade.
Associação à Mitologia
Este planeta na mitologia é Zeus para os Gregos e Júpiter para os Romanos. Zeus é o Deus dos Deuses. É o maior, mais importante e mais poderoso dos deuses.
Astrologicamente, Zeus pode representar o arquétipo do sábio e do guru. Júpiter é o mestre que intui a verdade e a ordem superior e a transmite. É o professor altruísta que quer expandir o conhecimento para fora de si, quer ensinar e transmitir os valores, os ideais superiores, a ética e os princípios. Júpiter é a vontade de aprender e depois de ensinar.
Júpiter também representa benefícios, “protecção de Zeus”, sorte, fortuna, alegria, facilidade, entusiasmo, jovialidade e prazer.
A ligação de Júpiter com a AstrologiaAlém de Urano, a astrologia também está associada com o planeta Júpiter. Desta associação também podemos confirmar e inferir alguns significados de Júpiter.
A astrologia é um estudo que requer uma compreensão superior daquele que a estuda, está baseada em princípios, leis e verdades universais. É um estudo que procura compreender todas as dimensões e áreas da vida, na tentativa de significar as experiências, encontrar relações e conexão com uma ordem superior, ou religação com o universo (como é em cima é em baixo). A astrologia além da sua função de percepção de verdades maiores, também objectiva conhecer as potencialidades individuais e as formas de concretização destas potencialidades, isto é, como o indivíduo pode crescer, expandir-se e tornar-se o máximo de si próprio. Evidencia tanto as diferenças individuais no homem quanto percebe a sua universalidade. Consegue encontrar relações para a natureza, o comportamento humano individual e o desenvolvimento social como um todo. É uma linguagem codificada, simbólica, estruturada e universal. É um sistema holista e aberto, que permite constantes inclusões e aperfeiçoamentos teóricos e práticos, sem a necessidade de contradição dos princípios anteriores.
Júpiter rege o signo de Sagitário e a casa IX, está exaltado em Caranguejo e é co-regente de Peixes.
das aulas da Juliana Estevez