quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Imagem: Olga Sinclair

A luz que vibre
sobre o teu rosto
O mar que oscile
sob os teus ombros
O que me atinge
vem de mais longe
lá dos confins
em que te sonho

David Mourão-Ferreira

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011



«vou encher-me de silêncios e imitar as pedras. adormecer entre as pedras pode ser que me contagie delas. depois de conseguir ser pedra vou exercitar o sorriso dessa pedra que eu for.

com esse sorriso vou iniciar uma construção…»

Ondjaki

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Ondjaki


chove.
o mundo húmido, poético
ganha outra densidade
- longe do medo.

gosto de observar a chuva

a paz
nas suas vestes

a chuva é plena de instantes intocáveis

nós somos
simplesmente humanos

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

foto: alentejo aos 13 de fevereiro do ano 2011

De repente é a viagem!
É o vento que brinca com as últimas árvores visíveis.
E há um pássaro que segue longamente meu navio
E que depois, exausto, retorna.

Quem és tu que, outrora, não conhecia
E que me levas nos teus braços,
Para onde, não sei?

Quem és tu que ainda há pouco não existias
E que me olhas com esses olhos antigos e íntimos
Que contemplaram comigo o nascimento do tempo?

Quem és tu?

Augusto Frederico Schmidt

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

balançar



Pedes-me um tempo, para balanço de vida.
Mas eu sou de letras, não me sei dividir.
Para mim um balanço é mesmo balançar,
balançar até dar balanço e sair..

Pedes-me um sonho, para fazer de chão.
Mas eu desses não tenho, só dos de voar.

Agarras a minha mão com a tua mão
e prendes-me a dizer que me estás a salvar.
De quê?
De viver o perigo.
De quê?
De rasgar o peito.
Com o quê?
De morrer, mas de que paixão?
De quê?
Se o que mata mais é não ver
o que a noite esconde e não ter nem sentir
o vento ardente a soprar o coração...

Pedes o mundo dentro das mãos fechadas
e o que cabe é pouco mas é tudo o que tens.
Esqueces que às vezes, quando falha o chão,
o salto é sem rede e tens de abrir as mãos.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

hoje e todos os dias



o Amor é esculpido de sentidos
que não se escrevem que não se lêm
e que também se escrevem e que se lêm
o Amor é feito de silêncios
depois de um beijo depois de um abraço
é feito de olhares onde morro e renasço
é feito de vozes perdidas na noite e de ecos a meio da tarde
é feito de terra e de vento e de fogo e de água
o Amor são momentos gritos incertezas
passos voos círculos toques e beijos
o Amor sou eu, sois Vós
Inteiros.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011


há instantes em que não tenho nome nem morada

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011



Ao longe por mim oiço chamando
A voz das coisas que eu sei amar.

E de novo caminho para o mar.

Sophia Mello Breyner Andresen