“Sou entre flor e nuvem. Por que havemos de ser unicamente humanos? Não encontro caminhos fáceis de andar. E por isso levito. É bom deixar um pouco de ternura em cada lugar” (Cecília Meireles)
terça-feira, 19 de julho de 2011
a fúria e a tristeza
Num reino encantado onde os homens nunca podem chegar, ou talvez onde os homens transitem eternamente sem se darem conta...
Num reino mágico onde as coisas não tangíveis se tornam concretas...
Era uma vez...
Um tanque maravilhoso.
Era uma lagoa de água cristalina e pura onde nadavam peixes de todas as cores existentes e onde todas as tonalidades de verde se refletiam permanentemente... Aproximaram-se daquele tanque mágico e transparente a tristeza e a fúria para se banharem em mútua companhia. As duas tiraram os vestidos e, nuas, entraram no tanque. A fúria, que tinha pressa (como sempre acontece com a fúria), pressionada pela urgência – sem saber porquê – banhou-se rapidamente e, ainda mais rapidamente saiu da água... Mas a fúria é cega ou, pelo menos, não distingue claramente a realidade. Por isso, nua e apressada, pôs, ao sair, o primeiro vestido que encontrou....
E aconteceu que aquele vestido não era o dela, mas o da tristeza... E assim, vestida de tristeza, a fúria foi-se embora.
Muito indolente, muito serena, disposta como sempre a ficar no lugar onde estava, a tristeza terminou o seu banho e, sem pressa – ou melhor dito, sem consciência da passagem do tempo – com preguiça e lentamente, saiu do tanque. Na margem, deu-se conta de que a sua roupa já lá não estava. Como todos sabemos, se há uma coisa que não agrada à tristeza é ficar nua. Por isso vestiu a única roupa que havia junto do tanque: o vestido da fúria.
Contam que, desde então, muitas vezes nos encontramos com a fúria, cega, cruel, terrível e agastada. Mas se nos dermos tempo para olhar melhor, apercebemo-nos de que esta fúria que estamos a ver não passa de um disfarce e, por detrás do disfarce da fúria, na realidade, está escondida a tristeza.
Es dificil ver cuando una provoca a la otra. Pero si que es cierto que van cogidas muchas veces de la mano.
ResponderEliminarGrácias por el excelente artículo que nos has hecho llegar.
Beijos.