sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

regresso a casa


"eu vou, onde as minhas histórias me levam"

(Milos Forman)

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

anatomia emocional


A vida produz formas. Essas formas são parte de um processo de organização que dá corpo às emoções, pensamentos e experiências, fornecendo-lhes uma estrutura. Essa estrutura por sua vez ordena os eventos da existência. As formas evidenciam o processo de uma história protoplasmática que caminha para uma forma pessoal humana – concepção, desenvolvimento embriológico e estruturas de infância, adolescência e vida adulta. Moléculas, células, orgãos são as formas iniciais do movimento da vida. Mais tarde a forma da pessoa será moldada pelas experiências internas e externas de nascimento, crescimento, diferenciação, relacionamentos, acasalamento, reprodução, trabalho, resolução de problemas e morte. Ao longo de todo esse processo, a forma é impressa pelos desafios e tensões da existência. A forma humana é marcada pelo amor e pelas decepções.

Se pudessemos fotografar nossa vida e projectá-la quadro por quadro, perceberíamos que somos sequências móveis de formas emocionais variadas.
À medida que dialogamos com as formas que nos cercam – primeiro o útero; depois com nossa mãe e em seguida com muitas outras – constituimos os estratos das formas emocionais.

“ Anatomia é destino” afirmou Freud. O processo anatómico constitui uma sabedoria profunda e poderosa que dá origem a imagens internas de sentimentos. As formas externas do corpo e as formas internas dos orgãos falam-nos da motilidade celular, da organização e do movimento da psique e da alma.


A anatomia é o alicerce das relações humanas. O que acontece dentro de nós, eventualmente também ocorre fora. Os relacionamentos humanos são interacções somáticas de pulsação emocional e forma comportamental – dentro e fora de nós.

Relacionamo-nos com os outros por intermédio das formas que construimos. As experiências emocionais da vida criam forma e formato. A forma dá às emoções, pensamentos e sentimentos um escoadouro para sua expressão e satisfação ou inversamente para a inibição e a dor. Com a nossa forma interagimos com o mundo. À medida que nos abrimos para o contacto com os outros, amor, intimidade e cooperação, podemos criar relacionamentos para reforçar ou compensar a nossa forma individual.

Cada um de nós se defronta com um outro. Esse outro interage connosco, responde às nossas acções e por sua vez provoca respostas em nós. Nossa humanidade básica depende desse sentimento de ligação. Um vínculo estabelece-se através de um sistema de poderosas conexões – superfícies corporais, linguagem, olhos, sentimentos, intimidade emocional, amor e sexualidade. Nós tocamos-nos a partir de poços do desejo e dos labirintos da memória dos primeiros cuidados – sucesso ou fracasso no amar e ser amado. Profundidade, interioridade e união dão início a um vínculo que derrete as camadas de cautela e medo, as bravatas e os anseios, quando compartilhamos a nossa verdade somática.

O contacto com o outro é mais do que superfície com superfície, é também interior com interior. O contacto é estratificado, das superfícies de comunicação, da camada externa da pele, à segunda camada do gesto e acção, até à terceira camada de motilidade visceral. Contacto, vulnerabilidade e intimidade envolvem interacções entre superfícies e profundezas.


O amor e a intimidade mudam a expressão emocional permitindo experiências que fazem cair defesas. Isto permite-nos sentir o sabor da satisfação terna. Ao longo do tempo, à medida que o amor e intimidade continuam e se desenvolvem criam-se formas apropriadas. Das profundezas, camada por camada emergem novas formas somáticas.


Anatomia é destino enquanto processo somático. A anatomia diz respeito a um processo vivo e dinâmico, um mistério, uma iniciação, a forma da experiência que dá origem ao sentimento, ao pensamento e à acção. Refere-se a nós, como formas de sentir. Refere-se à história genética, embriológica e pessoal. A anatomia, na verdade, refere-se à forma que nos foi dada pela natureza, às que tivemos que criar como partes de uma sociedade ou família específicas e às que estamos moldando neste momento.

Conhecer a anatomia emocional é experimentar as dores do desejo e da decepção, os conflitos do contacto e a luta pela satisfação, o sabor da intimidade e da individualidade, o conhecimento do amor condicional e incondicional.

Stanley Keleman (Anatomia Emocional)
desenho: Alex Gray

terça-feira, 25 de janeiro de 2011


doces lembranças

domingo, 23 de janeiro de 2011

aquário

Polaridade: yang
Elemento: 3º signo do elemento Ar
Qualidade: fixa (no meio do Inverno)
Planeta regente: Saturno e Urano(co-regente)
Regente esotérico: Júpiter
Planeta exaltado : Mercúrio




O glifo de Aquário é composto da repetição de duas linhas que dão a aparência da água em movimento pelo ar, como as ondas do mar. O primeiro significado do glifo pode ser resumido como o ar em acção. Outro factor que se pode observar é a repetição das linhas que simbolizam a água, representando as águas superficiais e as águas mais profundas. O vento sobre a água provoca ondas, movimento. O outro símbolo do signo é o de um homem com uma ânfora nas mãos derramando água sobre o oceano. Este símbolo parece induzir a noção de contribuição para algo maior, de contribuição para um habitat colectivo final.

No meio do Inverno há uma grande transformação da paisagem. A chuva gelada, os ventos intensos vão eliminar todas as formas inúteis que foram mantidas na fase anterior. As velhas formas de vida que já não podem sobreviver vão morrer. Tudo o que inútil será eliminado. Aquário identifica-se com a necessidade de se libertar do velho, do que não tem mais sentido, dando lugar ao novo que virá depois. A acção deste signo é centrada no futuro.

Como ocorre com todos os signos anteriores, Aquário é um aperfeiçoamento da fase anterior. A sua acção consiste em eliminar o velho e ultrapassado que Capricórnio tentou conservar. Aquário ultrapassa os limites seguros que Capricórnio estipulou porque os sente restritivos. Aquário identifica-se com uma energia reformista, uma reacção libertadora à atitude conservadora do estádio anterior. Representa também a noção de igualdade colectiva, contrapondo-se à noção de hierarquias e de estatuto tão fortemente ligadas ao signo que o antecede.

No Zodíaco natural, Aquário é um signo que está em plena queda. Este declínio representa a queda do Ego e da individualidade isolada. Aquário põe o “eu” ao serviço do colectivo, é uma célula do organismo social. O forte senso egóico que se cria em Capricórnio transforma-se em Aquário num sentido de igualdade. Por isso a destruição das formas na Natureza corresponde à desintegração do Ego na psique e a própria queda no Zodíaco natural reflete este processo.

Este signo apresenta uma forte tendência reformista, revolucionária e progressista. Capta a tendência futura, aquilo que ainda virá, aquilo que toda a ordem social não consegue prever e num período inicial rejeita por parecer ameaçadora. Por isso este signo é visto como excêntrico, moderno, visionário. É uma fase de aceleração rumo ao futuro, onde o conceito de colectividade está sempre presente. O descontentamento torna-se muito intenso neste estádio e é ele que irá gerar força e criatividade para possibilitar o novo. Este processo dá-se de uma maneira abrupta pois rompe com a sólida estrutura de Capricórnio e provoca rupturas, por vezes violentas, mas que dinamizam os acontecimentos.

Assim, Aquário é o signo dos inconformistas, dos que não aceitam o estatismo do mundo, dos que rejeitam a cristalização do pensamento na matéria. Seres que recusam tudo o que não seja movimento e transformação. Seres de intuição, que já conhecem o poder criativo da vida, pelo dinamismo do seu permanente vir-a-Ser.

Aquário é o Signo da Liberdade.

Devido a todas estas qualidades como pode ser Saturno o regente tradicional de Aquário? Saturno na sua polaridade yin rege Capricórnio e representa a dimensão restritiva e conservadora do destronado deus Cronos. Porém na sua polaridade yang, Saturno remete-nos ao período onde Cronos foi o rei vigente, “a Idade de Ouro”. Na mitologia clássica a Idade do Ouro é o tempo onde o homem existiu num estado de verdadeira felicidade e onde a sociedade dos homens viveu num estado de paz, prosperidade e perfeita harmonia, utilizando com máxima sabedoria todos os recursos materiais ao serviço do crescimento espiritual da comunidade. A Idade do Ouro corresponde à noção utópica que hoje temos do Paraíso. Porém, sendo Aquário o signo representativo do futuro, Saturno como regente representa a realização concreta e realista, através do tempo e da maturidade do colectivo como um todo, onde o indivíduo trabalha no interesse do bem estar geral. Aquário é o visionário, pois vê este paraíso realizado na Terra.

Aquário percebe que se tudo o que a mente e o intelecto humano consegue conceber e implementar colectivamente, isto é, se toda a cultura, toda a ciência e toda a tecnologia de que hoje o ser humano é capaz, forem usados para o bem estar geral, então a Idade do Ouro não é uma utopia mas uma realidade possível. O Saturno de Aquário simboliza a sociedade madura, responsável, composta por indivíduos que trabalham para o colectivo, alinhando os seus interesses pessoais com os interesses que beneficiam um todo mais amplo.

Aquário é o signo que procura o grupo. O grupo desses com quem se identifica, com quem irá partilhar um projecto Maior.

Os companheiros de uma mesma viagem...

Urano como co-regente de Aquário, tem como palavras chave os ideais “Liberdade, Igualdade, Fraternidade” e revolução é a sua forma de acção. Por isso é fácil perceber como a energia de Aquário vibra em correspondência com a de Urano.

O regente esotérico de Aquário é Júpiter. Aquário representa a mente científica, impessoal. Nele está presente uma certa frieza que às vezes se traduz numa indiferença ou até crueldade, no sentido de justificar o sacrifício de poucos para o bem de muitos, sobretudo quando inflado pela noção de progresso. A própria ideia de revolução implica por vezes violência, que é vista por Aquário como necessária para quebrar a força, o conservadorismo dominante. Júpiter como regente esotérico indica que o processo evolutivo deste signo passa por implementar uma ética muito elevada e sobretudo bondosa e compassiva na enérgica acção de Aquário. Júpiter possibilita a união entre verdade e bondade. Aquário tende a alguma hostilidade ou frieza quando expressa a verdade, fazendo com que ela seja dolorosa. Aquário também tende a sobrevalorizar a dimensão racional da mente com grande ênfase nos assuntos políticos e científicos. Júpiter aponta para a integração de uma dimensão espiritual não racional tanto na abordagem política como científica de Aquário. Outra tendência de Aquário é ser “do contra”, numa atitude de negar algo com que não concorda. Júpiter ensina a ser “a favor” do que se acredita, investir energia na construção do que é bom mais do que na destruição do que está errado.

A polaridade em Leão também representa a necessidade de haver um centro pessoal e uma individualidade muito conscientes e bem desenvolvidas para que em Aquário o indivíduo possa assegurar a sua singularidade no grupo ou no colectivo, em vez de de se identificar com a opinião colectiva. As massas não desenvolvem consciência, os indivíduos que a compõem sim. Leão também representa a capacidade de acção corajosa e virtuosa que Aquário vive em termos mentais. Leão convida Aquário a ser e agir conforme os seus ideais e suas aspirações mais elevadas. Ser o exemplo é uma forma eficaz de inspirar os outros e liderar o colectivo sendo um igual. O paradoxo individualidade/colectividade pode então ser integrado.

Para todos os que têm o Sol em Aquário, o seu Ascendente ou fortes energias de Urano no tema natal, este é o Arquétipo

para kendito



Apesar das ruínas e da morte,
Onde sempre acabou cada ilusão,
A força dos meus sonhos é tão forte,
Que de tudo renasce a exaltação
E nunca as minhas mãos ficam vazias
.

Sophia de Mello Breyner Andresen



Sonhar mais um sonho impossível / Lutar quando é fácil ceder
Vencer o inimigo invencível / Negar quando a regra é vender
Sofrer a tortura implacável / Romper a incabível prisão
Voar num limite improvável / Tocar o inacessível chão
É minha lei, é minha questão / Virar este mundo, cravar este chão
Não me importa saber / Se é terrível demais
Quantas guerras terei que vencer / Por um pouco de paz
E amanhã se esse chão que eu beijei / For meu leito e perdão
Vou saber que valeu / Delirar e morrer de paixão
E assim, seja lá como for / Vai ter fim a infinita aflição
E o mundo vai ver uma flor / Brotar do impossível chão


Composição: Joe Darion, Mitch Leigh (versão em português de Chico Buarque)

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

decir:hacer

Entre lo que veo y digo ,
entre lo que digo y callo
entre lo que callo y sueño ,
entre lo que sueño y olvido ,
la poesía .


Se desliza
entre el sí y el no :
dice
lo que callo ,
calla
lo que digo ,
sueña
lo que olvido .

No es un decir :
es un hacer .

Es un hacer
que es un decir .

Octavio Paz

(desenho:beatriz trixix)

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

a vida





A vida, as suas perdas e os seus ganhos, a sua
mais que perfeita imprecisão, os dias que contam
quando não se espera, o atraso na preocupação
dos teus olhos, e as nuvens que caíram
mais depressa, nessa tarde, o círculo das relações
a abrir-se para dentro e para fora
dos sentidos que nada têm a ver com círculos,
quadrados, rectângulos, nas linhas
rectas e paralelas que se cruzam com as
linhas da mão;

a vida que traz consigo as emoções e os acasos,
a luz inexorável das profecias que nunca se realizaram
e dos encontros que sempre se soube que
se iriam dar, mesmo que nunca se soubesse com
quem e onde, nem quando; essa vida que leva consigo
o rosto sonhado numa hesitação de madrugada,
sob a luz indecisa que apenas mostra
as paredes nuas, de manchas húmidas
no gesso da memória;

a vida feita dos seus
corpos obscuros e das suas palavras
próximas.

Nuno Júdice

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

dos livros que...






A grande arte é a porta de entrada para o divino. As pinturas desta galeria celestial têm a sua origem na antiga sabedoria das tradições budista e hindu, a qual durante séculos expressou alguns dos mais profundos conhecimentos espirituais sobre a humanidade. Ao mesmo tempo, estas sumptuosas imagens transcendem totalmente o seu local de origem. Enquanto expressões arquetípicas de uma visão livre, estas pinturas refletem no fundo o nosso potencial mais íntimo: a possibilidade de total liberdade espiritual ou iluminação.

Romio Shrestha é descendente de uma longa linhagem de visionários himalaicos que vêem a arte como a revelação de verdades transpessoais e não do ego individual. A Galeria Celestial de Romio convida o leitor a entrar num mundo onde as qualidades espirituais adormecidas se manifestam na sua totalidade. Quando observamos estas pinturas extraordinárias, somos transportados para os mais íntimos lugares da mente – um sítio no qual tudo é possível. Este reino visionário de divindades pacíficas e iradas é conhecido pelos budistas como Sambhogakaya, o “corpo do prazer perfeito”. - prólogo de Deepak Chopra

Galeria Celestial
Romio Shrestha







As Deusas da Galeria Celestial representam o feminino em todos os seus estados divinos e diabólicos; eles são expressões da energia de Shakti e reflexos dos estados femininos de consciência.

O contacto com esta galeria de deusas é compreender que estas visões transcendem a página impressa; ao fechar os olhos, permitimos que a deusa habite a nossa visão por onde quer que viajemos. - prólogo de Deepak Chopra

Deusas da Galeria Celestial
Romio Shrestha

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

dos livros que me ofereceram este Natal





"Kama Sutra" de Deepak Chopra