terça-feira, 10 de maio de 2011

trânsitos em astrologia psicológica e transpessoal



O momento do nascimento de um indivíduo permite, a partir do local onde ocorre a sua primeira respiração, desenhar a carta astral, uma representação gráfica e simbólica do céu num determinado momento, de um ponto de vista antropocêntrico.
Nesta perspectiva, cada indivíduo ao nascer é o centro do universo.

Esta carta representa também um mapa da psique deste indivíduo, com os desafios e potenciais evolutivos propostos para esta vida.
O Mapa é como uma fotografia, um momento congelado no tempo e no espaço, um instante capturado dentro de um grande ciclo, que já estava em curso e continua após o nascimento. É o movimento contínuo do sistema solar.

A relação entre a continuidade do ciclo eternamente em movimento e a fase do ciclo “capturada” no tempo (a carta astral) é o que chamamos em astrologia de “Trânsitos”.

Na astrologia tradicional, os trânsitos são considerados a principal técnica preditiva, juntamente com as progressões secundárias e Arco Solar.

Na astrologia humanista, a importância da previsão dos eventos exteriores é secundarizada em detrimento da compreensão dos ciclos interiores do indivíduo, o apelo destes ciclos e seu significado no contexto do processo de individuação, isto é, o processo de auto-desenvolvimento e auto-realização rumo a um ser total, único e auto-consciente.
Na astrologia psicológica e transpessoal, os Trânsitos são o indicativo do factor TIMING, factor essencial para a compreensão do significado das disposições internas e suas alterações, crises, avanços e recuos no processo de auto–desenvolvimento.
Isto significa que as abordagens tradicionais de interpretação dos trânsitos não são aquelas que respondem às necessidades da astrologia humanista, psicológica e transpessoal.

Na abordagem tradicional, a leitura dos trânsitos é análoga à previsão de eventos externos, inalteráveis, que o indivíduo irá, necessariamente, sofrer. Conhecer os trânsitos nesta abordagem, tem a função de permitir que o indivíduo “se prepare”, se “previna” evitando ao máximo expor-se à influencia dos períodos desfavoráveis e tentando extrair o melhor possível dos favoráveis.
Na abordagem humanista, partimos de um princípio de que o transito não é um evento celeste, longínquo e que nos influencia. O trânsito não ocorre só fora do indivíduo, no céu.

Se o indivíduo está no centro da relação do cosmos com a Terra e da Terra com o cosmos, ele também reproduz esta relação, ele tem os trânsitos dentro de si.
Isto significa que os movimentos que acontecem no Sistema Solar, também ocorrem sincronicamente dentro dele.
Ele não “sofre” a influencia dos trânsitos no céu, estes movimentos são um reflexo dos seus. São processos, fases, ciclos interiores, individuais.
Noutras palavras, podemos arriscar dizer que não são os eventos externos que lhe ocorrem, mas é ele que “ocorre” aos eventos externos.

A realidade interna de um ser é, a cada momento, condicionada pela sua percepção da realidade externa. Mais do que isso, CRIA as condições desta realidade, como se o indivíduo fosse atraído fora, por aquilo que lhe vai dentro.
Em astrologia psicológica, o Sistema Solar e seus movimentos correspondem ao Sistema Psíquico de um indivíduo e seus movimentos.
Os trânsitos simbolizam processos psicológicos, que também se reflectem no corpo, na mente, na alma, e na realidade exterior.
A máxima hermética “ Assim como é em cima é em baixo” também pode ser interpretada “Assim como é dentro é fora” na perspectiva da psique.

Num olhar mais abrangente, o Universo é um Todo indivisível, Uno, e tudo o que se passa nele reflecte e é reflectido para cada parte dele.
O Sistema solar é uma destas partes, um microcosmo dentro do macrocosmo que é o Universo. Mas também é um macrocosmo comparado com o microcosmo que é o homem. Se o homem for considerado um macrocosmo, então as suas partes física, mental, emocional e espiritual são microcosmos também.

Em astrologia psicológica, o principal propósito da análise e interpretação dos trânsitos é levar à compreensão de que circunstâncias internas e consequentemente externas nos possibilitam experiências evolutivas, processos que levam ao aumento de nossa consciência de quem somos e para onde evoluímos.
Para que este aumento de consciência possa ocorrer, circunstâncias das mais variadas surgem-nos, para permitir que ampliemos a visão de nós próprios e da realidade. Esta expansão evolutiva algumas vezes choca com nossas crenças do que é expansão, do que é evolução, do que é bom, agradável, correcto, adequado, moral, etc.
Estas experiências evolutivas não seguem uma linha de conduta baseada nos valores culturais do que é evolução.
Por vezes, certos trânsitos são irritantes, dolorosos, parecem injustos, ilógicos, caóticos…

A consciência de um trânsito na Astrologia psicológica, responsabiliza o indivíduo sem o “CULPAR” pelo processo que ele está a vivenciar, dá significado ao momento dentro de um contexto mais amplo, numa perspectiva evolutiva, e sugere oportunidades de transformação, auto-aperfeiçoamento, auto–consciência, e sobretudo, deve ampliar as hipóteses do indivíduo usar o seu livre-arbítrio, para aceitar e interagir com um trânsito. A astrologia permite que o indivíduo perceba que tem escolha, no mínimo escolha de como reagir ao que lhe acontece. Através desta perspectiva, nenhum trânsito é bom ou mau, é sempre necessário.

Como os trânsitos são processos que nos são revelados através de SÍMBOLOS, símbolos planetários e zodiacais que se referem a Arquétipos, é função da astrologia psicológica e transpessoal explorar o máximo de possibilidades simbólicas que o arquétipo permite, para que o indivíduo possa estar consciente das múltiplas possibilidades que o trânsito pode significar.
Limitar a possibilidade interpretativa de um trânsito é condicioná-lo.

Os trânsitos reflectem propostas, apelos evolutivos, fases ou ciclos internos que condicionam a percepção da realidade exterior e leva o indivíduo a ser atraído por determinadas situações ou eventos.

A previsão de eventos exteriores que irão necessariamente ocorrer, já foi o maior objectivo da astrologia em tempos, mas não é o objectivo da astrologia psicológica, que visa descondicionar e ampliar a percepção da realidade e do livre-arbítrio. O novo paradigma da astrologia é tornar o ser humano consciente de seu potencial co-criador.

(aulas de astrologia...)

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