sábado, 8 de maio de 2010




Certas manhãs trazem uma luz diferente.

Um ar de primavera,
um pássaro que entrou
por uma fresta do telhado, e anda às
voltas na escada, uma voz que se ouve, num eco,
e não se sabe o que diz.

A manhã irá passar,
como todas as manhãs que nasceram,
trazendo uma luz diferente;
mas a primavera que ela anuncia colou-se ao rosto
com quem nós cruzamos;
o canto do pássaro meteu-se na cabeça,
como se ele voasse por dentro da memória;
e o eco que ouvi ganhou uma voz na tua boca,
quando te encontrei e me disseste que havia uma luz diferente,
nesta manhã em que tudo parecia igual.

Nuno Júdice

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