terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

poesia XXII

foto yuri bonder

Não me procures ali
onde os vivos visitam
os chamados mortos.
Procura-me dentro das grandes águas.
Nas praças,
num fogo coração,
entre cavalos, cães,
nos arrozais, no arroio,
ou junto aos pássaros
ou espelhada num outro alguém,
subindo um duro caminho.

Pedra, semente, sal passos da vida.
Procura-me ali.
Viva.

Hilda Hilst

4 comentários:

  1. Y yo, querida amiga te contesto...

    Aflição de ser eu e não ser outra.
    Aflição de não ser, amor, aquela
    Que muitas filhas te deu, casou donzela
    E à noite se prepara e se adivinha

    Objeto de amor, atenta e bela.
    Aflição de não ser a grande ilha
    Que te retém e não te desespera.
    (A noite como fera se avizinha.)

    Aflição de ser água em meio à terra
    E ter a face conturbada e móvel.
    E a um só tempo múltipla e imóvel

    Não saber se se ausenta ou se te espera.
    Aflição de te amar, se te comove.
    E sendo água, amor, querer ser terra.

    (c) Hilda Hilst

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  2. Me lo imaginaba, pero tegusta?. Eso es lo importante.
    ;-))

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