domingo, 1 de março de 2015

by heart

e se juntássemos dez pessoas amigos familiares
conhecidos desconhecidos
e juntos aprendessemos um poema

aprender de cor apprendre par coeur by heart

acolher na nossa memória esses inquilinos-poemas
para que sobrevivam para sempre

e se juntássemos dez pessoas
e juntos aprendessemos um poema
e cada uma das dez pessoas o ensinassem a dez pessoas...

poderiamos ser todos bibliotecários do efémero

sábado à noite num velho teatro da Lisboa (Teatro Maria Matos)
um actor (Tiago Rodrigues)
dez espectadores em palco aprendem
um poema (soneto 30 de William Shakespeare)

Quando em meu mudo e doce pensamento
chamo à lembrança as coisas que passaram
choro o que em vão busquei e me sustento
gastando o tempo em penas que ficaram.
E afogo os olhos (pouco afins ao pranto)
por amigos que a morte em treva esconde
e choro a dor de amar cerrada há tanto
e a visão que se foi e não responde.
E então me enlutam lutos já passados,
me falam desventura e desventura,
lamentos tristementes lamentados.
Pago o que já paguei e com usura.
          Mas basta em ti pensar, amigo, e assim
          têm cura as perdas e as tristezas fim.


e se juntássemos...
by heart

3 comentários:

  1. When to the sessions of sweet silent thought
    I summon up remembrance of things past,
    I sigh the lack of many a thing I sought,
    And with old woes new wail my dear time's waste:
    Then can I drown an eye, unus'd to flow,
    For precious friends hid in death's dateless night,
    And weep afresh love's long since cancell'd woe,
    And moan the expense of many a vanish'd sight:
    Then can I grieve at grievances foregone,
    And heavily from woe to woe tell o'er
    The sad account of fore-bemoaned moan,
    Which I new pay as if not paid before.
    But if the while I think on thee, dear friend,
    All losses are restor'd and sorrows end.

    ResponderEliminar