quarta-feira, 9 de março de 2011


Onde fica guardado o tempo? Posso agora dizer
que é dentro dos olhos. Mesmo que se conservem assim límpidos
acabam por pousar neles algumas folhas. Desejaria
que fosse mais fácil este caminho onde se encontra
o vestígio de outros passos, uma voz quase extinta. Sei
como o repouso é menos que uma palavra. Dali vemos
as mesmas ondas que se julgava estarem há muito esquecidas,
a neblina que parece ser um arco onde se reúne
este pressentimento que vinha ao nosso encontro
sem o sabermos. Reservo alguns instantes para a profundidade da água;
outros para o modo como estremecem as mãos.

Fernando Guimarães

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