Quíron foi descoberto em 1977 pelo astrónomo Charles Kowal e classificado inicialmente como asteróide. Mais tarde e por estar envolto numa névoa de gás foi classificado como cometa. Situado entre as órbitas de Saturno e Urano leva cerca de 50 anos para fazer a sua órbita ao redor do sol. A sua órbita elíptica faz com que ele tenha uma duração variável de tempo em cada signo. Quíron permanece em Balança não mais que 18 meses, enquanto em Áries permanece 8 anos.
Para melhor compreendermos a natureza de um corpo celeste é fundamental que observemos os principais acontecimentos ocorridos no mundo na época da sua descoberta. A descoberta de Quíron correspondeu a um grande desenvolvimento na esfera das terapias alternativas e da Medicina natural e holística. A necessidade de preservar a vida passou a fazer parte da consciência humana.
Na Engenharia Genética ocorreram avanços extraordinários exatamente por volta da descoberta de Quíron. Em 1977 aconteceu a primeira clonagem de um gene humano, e, em 1978, nasceu Louise Brown, o primeiro bebê de proveta. Também neste ano foi determinado o genoma do vírus SV40, o primeiro passo para a descoberta do genoma humano.
A sua exploração astrológica está apenas a começar. Quíron, cujo símbolo lembra uma chave tem sido alvo de muita curiosidade, tanto na Astrologia, como na Astronomia. Por isto e desde então, estão sendo realizadas pesquisas em busca do significado astrológico e psicológico de Quíron e das suas possíveis influências, tanto em mapas astrais individuais como no âmbito coletivo. Para isso, recorreram ao simbolismo do mito, da mesma forma como aconteceu com relação a Urano, Netuno e Plutão, à medida que estes foram sendo descobertos.
Quiron representa O Curador O Agressor O Ferido
A independência filosófica A compaixão diante do sofrimento
O processo de aprendizagem para chegarmos a confiar no Mestre ou no Guia Interno
Na mitologia Quíron aparece como filho de Cronos e da ninfa Filira. Nascido metade Homem metade Cavalo Quíron é abandonado pela mãe. Apolo encontra-o, adopta-o e, como mentor, transmite-lhe muitos ensinamentos.
Quíron tornou-se sábio, profeta, médico, professor e músico. Os reis e os deuses confiavam-lhe os filhos para que os educasse. Foi também mentor de numerosos heróis famosos da Grécia, incluindo Aquiles, Hércules e Asclépio. Quíron ensinou-lhes tudo, desde montar a cavalo, atirar com arco, caçar, as artes da guerra e da medicina (todas elas destinadas à sobrevivência), até ética, música, ritos religiosos e os princípios das ciências naturais.
Numa briga entre Hércules e os Centauros uma das flechas de Hércules contra os Centauros, fere Quíron na sua coxa, causando-lhe uma ferida incurável que o faz sofrer para resto da vida. Ele que cura os outros não tem o poder de se curar a si próprio.
Quiron, no nosso Tema Natal, mostra-nos as coisas que temos a capacidade de fazer pelos outros, mas que não fazemos por nós próprios. Qualidades que outros facilmente percebem em nós, mas que não podemos ver. Muitas vezes são coisas de que necessitamos para nosso próprio crescimento e cura, mas que nos escapam.
O mito de Quiron está configurado como um conjunto de três figuras que se demonstram através do posicionamento do Planeta Quíron, no Tema Natal, na área de vida indicada pela casa e signo onde se encontra: São as figuras do ferido/vítima, agressor/perseguidor e curador/salvador/redentor.
O mito de Quiron mostra-nos que a ferida é um pré-requisito para uma cura maior. Assim, no Mito de Quíron, ele somente se liberta do sofrimento quando oferece a sua imortalidade a Prometeu (acorrentado por Zeus, como castigo de ter dado a chama divina ao Homem, a desrespeito aos Deuses) e é catasterizado na constelação de Sagitário.
O posicionamento de Quíron no Tema Natal mostra a área de vida em que a busca pelo alívio de qualquer sofrimento tem maior probabilidade de ocorrer de modo particularmente intenso. Com frequência, a casa na qual se encontra Quíron, representa uma área de vida que inicialmente é bloqueada, ou ferida, ou que não consegue ser vivenciada na sua plenitude. A dor e a frustração que experienciamos nessas áreas podem-nos impelir a iniciar uma jornada interna de cura. A memória de algum sentimento doloroso, depositada no inconsciente, tende a atrair situações no presente, que reproduzem os mesmos eventos, reativando consequentemente a antiga ferida e ao mesmo tempo a possibilidade de cura de ambas.
Quíron estimula este processo de iniciação e orienta-nos para um novo ciclo, um renascimento psicológico, ou independência filosófica. Abre a nossa consciência e incita-nos a transformar os nossos conceitos sobre a realidade intimando-nos a vivenciar intensas experiências transpessoais. Se não formos capazes de ceder e seguir docilmente, poderemos viver uma vida de lutas inúteis, como Quíron no mito, tentando continuamente nos curar das nossas feridas e podendo sucumbir a alguma doença grave ou à própria loucura. A chamada para nossa jornada interior pode dar-se através de alguma doença ou crise, encontros casuais ou outros fenómenos sincrónicos.
Quíron escolta-nos no nosso caminho, oferecendo-nos oportunidades para que possamos assimilar e processar tanto a experiência de nosso próprio sofrimento quanto a expansão da consciência.
(apontamentos da aula de Astrologia)