segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Natal

Acontecia. No vento. Na chuva. Acontecia.
Era gente a correr pela música acima.
Uma onda uma festa. Palavras a saltar.

Eram carpas ou mãos. Um soluço uma rima.
Guitarras guitarras. Ou talvez mar.
E acontecia. No vento. Na chuva. Acontecia.

Na tua boca. No teu rosto. No teu corpo acontecia.
No teu ritmo nos teus ritos.
No teu sono nos teus gestos. (Liturgia liturgia).
Nos teus gritos. Nos teus olhos quase aflitos.
E nos silêncios infinitos. Na tua noite e no teu dia.
No teu sol acontecia.

Era um sopro. Era um salmo. (Nostalgia nostalgia).
Todo o tempo num só tempo: andamento
de poesia. Era um susto. Ou sobressalto. E acontecia.
Na cidade lavada pela chuva. Em cada curva
acontecia. E em cada acaso. Como um pouco de água turva
na cidade agitada pelo vento.

Natal Natal (diziam). E acontecia.
Como se fosse na palavra a rosa brava
acontecia. E era Dezembro que floria.
Era um vulcão. E no teu corpo a flor e a lava.
E era na lava a rosa e a palavra.
Todo o tempo num só tempo: nascimento de poesia.

Manuel Alegre

sexta-feira, 5 de abril de 2013

agora escrevo pássaros


foto: Yuri Bonder

Agora escrevo pássaros.
Não os vejo chegar, não escolho,
de repente estão aí,
um bando de palavras
a pousar
uma
por
uma
nos arames da página,
entre chilreios e bicadas, chuva de asas,
e eu sem pão para dar, tão somente
deixo-os vir. Talvez
seja isto uma árvore,
ou quem sabe,
o amor.
 
Julio Cortázar

segunda-feira, 25 de março de 2013



obrigada Catarina

segunda-feira, 18 de março de 2013

don't you worry child

... See heaven's got a plan for you ....

quinta-feira, 14 de março de 2013

para a Catarina

vais ser mágica.
para sempre

terça-feira, 12 de março de 2013

para Cesar


está tudo certo.
está tudo no lugar certo.
cumprindo o seu destino


terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

sábado, 9 de fevereiro de 2013

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

y a veces es tan simples

Y a veces es tan simple,
es tan sencillo sin embargo.
Se trata de la vida que de golpe sin golpes
nos pone en la mirada
un llamado a la ternura,
un sol pequeñito
entibiándonos
el alma,
y en las manos la sencilla
posibilidad que en la caricia
nos aguarda.
Es tan simple.
Es tan majestuosamente fácil.
Se trata de la vida
que en un rincón despierta,
nos pide la sonrisa
y un poco de calor
temblando en las pestañas.

Salo Pasik