“Sou entre flor e nuvem. Por que havemos de ser unicamente humanos? Não encontro caminhos fáceis de andar. E por isso levito. É bom deixar um pouco de ternura em cada lugar” (Cecília Meireles)
Tu que tens dez réis de esp'rança e de amor
Grita bem alto que queres viver.
Compra pão e vinho, mas rouba uma flôr:
Tudo o que é belo não é de vender.
Não vendem ondas do mar,
Nem brisa ou estrelas,
Sol ou lua-cheia.
Não vendem moças de amar,
Nem certas janelas
Em dunas de areia.
Canta, canta como uma ave ou um rio,
Dá o teu braço aos que querem sonhar.
Quem trouxer mãos livres ou um assobio
Nem é preciso que saiba cantar.
Tu que crês num mundo maior e melhor
Grita bem alto que o céu 'stá aqui.
Tu que vês irmãos, só irmãos, em redor
Crê que esse mundo começa por ti.
Traz uma viola, um poema,
Um passo de dança,
Um sonho maduro.
Canta glosando este tema:
Em cada criança
Há um homem puro.
Canta, canta como uma ave ou um rio,
Dá o teu braço aos que querem sonhar.
Quem trouxer mãos livres ou um assobio
Nem é preciso que saiba cantar.