sábado, 2 de junho de 2012

yolk life

tenho um livro que faz referência a uma peça de teatro - Yolk Life - escrita por Oddur Bjorsnsson, que tenho andado à procura.... os personagens são fetos gémeos de oito meses. Um dos gémeos é racionalista que aceita o ambiente que o acolhe como o único que ele pode alcançar. O outro gémeo é mais complexo, parece ser fraco e dependente mas tem uma intuição que requer expansão. Acaba por ter uma sensação estranha a respeito de uma outra forma de vida para além da fetal...

transcrevo-vos a última fala da peça, do feto 2:

"você não poderia imaginar um mundo grande, um mundo cem mil triliões de vezes maior do que nós, onde a luz não fosse tão escura e a escuridão não fosse tão clara, onde houvesse seres iguais a nós e diferentes de nós, onde houvesse pianos e cachorros, escritores e cadeiras para nos sentarmos, catálogos de encomenda e homens como os das histórias de fantasmas e....como se chamam mesmo?...mulheres que se multiplicam! E mais espaço para a cabeça, para que pudessemos ficar em pé. Beethoven, para que todos os pianos pudessem ser tocados. Penicos e fotografos de óculos. E todo o tipo de coisas possíveis. E também todo tipo de coisas impossíveis. Hein? Você pode imaginar? Não pode realmente imaginar?"

o feto 1 dá uma resposta rápida: "Não."

a peça termina na escuridão, em silêncio total.

ficamos nós com este dilema.... supondo que o nascimento visto do interior do útero é sentido como morte será que a morte, vista do lado de fora do corpo, será um nascimento?